Revista HOJE - CIESP Campinas Edição Nº 72 - Setembro 2005
Como enfrentar a missão de falar em público
A missão de falar em público para algumas pessoas é aceita com um certo receio, para outras esse desconforto não existe. Por que isso acontece? Segundo a fonoaudióloga e facilitadora da Forster Desenvolvimento Humano, Maria de Lourdes Aranha Braz, a pessoa que não tem medo de falar em público e faz isso muito bem é porque já conquistou habilidades fundamentais como o autocontrole emocional, a respiração controlada, a boa articulação das palavras e o domínio/conhecimento do assunto a ser comunicado. “Alcançar tudo isso pode não ser tão fácil, mas está longe de ser impossível. O segredo é desejar, despertar a vontade e começar a treinar. Falar em público, portanto, deve ser enfrentado como um desafio para o seu crescimento na arte de falar. Enfrente e não fuja”, aconselha.
Caro leitor, lembre-se do seu dia-a-dia. É possível perceber que quando você está triste, alegre ou irado sua voz se altera? Isso acontece porque as emoções humanas afetam diretamente a voz, a fala. A fonoaudiologia e a psicologia defendem o seguinte pensamento: “Saber falar é estar bem consigo mesmo”. De fato, não tem como negar que estar bem é necessário, mas os sentimentos, sejam bons, sejam maus, estão presentes constantemente na vida das pessoas influenciando o estado emocional de cada uma delas.
Nesse ponto, Maria de Lourdes defende: “É preciso desenvolver o autocontrole emocional todos os dias. Imagine a seguinte situação: um diretor de uma empresa enfrentou logo pela manhã uma dificuldade familiar em casa e, em seguida, saiu em direção ao trabalho e ao chegar lá teve de fazer uma apresentação em público. Sua postura ideal seria deixar de lado os sentimentos ruins, apresentar um semblante agradável e se concentrar na exposição. Seria, então, assumir um papel adequado ao momento vivenciado. Isso nada mais é que respeitar as pessoas que estão ouvindo a sua fala”.
Sobre a respiração, a fonoaudióloga afirma que são os movimentos respiratórios, inspiração e expiração, que controlam a fala. “Se tivermos uma respiração normal e sabermos até mesmo controlá-la, nossa voz também será normal.” Ademais, a responsabilidade de um comunicador está na articulação correta das palavras. “Ele deve pronunciar as palavras sem suprimir sílabas e acentos, com a entonação exigida pela fala.” O bom dessa história é que existem muitos exercícios, de acordo com Maria de Lourdes, que podem ser feitos para melhorar o desempenho do aparelho respiratório e a capacidade de articular bem as palavras. Por exemplo, deite-se em sua cama com a barriga para cima e coloque o seu travesseiro em cima do abdômen. Inspire, segure o ar o máximo de tempo que conseguir, e depois solte-o devagar pela boca. Repita algumas vezes.
Percebe-se que fatores emocionais e físicos influenciam diretamente a fala, haja vista não apenas o que aqui foi mencionado, mas também o próprio conceito “o corpo fala” mundialmente conhecido. Entretanto, o conteúdo a ser transmitido - o conhecimento - também tem um peso enorme para o sucesso na comunicação. Segundo a fonoaudióloga, a segurança na fala também está ligada diretamente com o domínio/conhecimento do que se fala. “Não adianta o comunicador ter uma boa voz, uma excelente dicção, saber se expressar usando o corpo, se o conteúdo for ‘pobre’ e não estiver sob seu domínio. O ouvinte quando escuta uma mensagem quer receber informações ‘ricas’, isto é, com idéias seguidas de afirmações, provas e conclusões. Portanto, uma comunicação completa, com começo, meio e fim”, conclui.
Falar em público - Dicas saudáveis: leia no texto a seguir.
Falar em público - Dicas saudáveis:
Antes da apresentação:
- Não gritar ou falar durante muito tempo, ou seja, poupar a voz;
- Não pigarrear ou tossir, pois esse hábito provoca o atrito entre as pregas vocais;
- Não tomar bebidas geladas ou quentes;
- Tomar bastante água;
- Evitar alimentos achocolatados e derivados do leite, pois aumentam a secreção no trato vocal;
- Realizar exercícios respiratórios, de aquecimento vocal e de relaxamento;
- Fazer gargarejos suaves com água morna;
- Evitar pastilhas e drops.
Durante a apresentação:
- Manter a postura do corpo reta, no eixo, porém relaxada, principalmente a cabeça;
- Controle corretamente a respiração durante todo o tempo da exposição;
- Se der branco, volte ao assunto anterior com perguntas;
- Cuidado com os vícios de linguagem no final das frases. Exemplos: né, tá, entre outros;
- Evite falar com as mãos nos bolsos, braços cruzados, demonstrando insegurança;
- A naturalidade pode ser considerada a melhor regra da boa comunicação e irá lhe dar maior segurança e confiança ao falar;
- Dê a sua fala início, meio e fim.
Por Amanda Lima
Jornalista – CIESP Campinas